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‘Destacam muito o Neymar e esquecem dos outros jogadores’, fala jogadora Marta

Aos 28 anos, os últimos 12 vestindo a camisa 10 da seleção brasileira, Marta já disputou três Copas, três Olimpíadas e ganhou cinco prêmi...

Aos 28 anos, os últimos 12 vestindo a camisa 10 da seleção brasileira, Marta já disputou três Copas, três Olimpíadas e ganhou cinco prêmios de melhor do mundo. Craque de prestígio internacional, ela ainda busca explicação para o 7 a 1 do Brasil no Mineirão, luta para que o futebol feminino tenha ‘pelo menos 30%’ da estrutura do masculino e sonha com o ouro olímpico na Rio-2016: ‘Depois, não preciso ganhar mais nada’, disse ela, por telefone, da Suécia.
O futebol feminino evoluiu como você imaginava desde que estreou na seleção, em 2002?
Melhorou, mas não tanto quanto a gente imaginava nem o quanto a gente precisa que melhore, com relação principalmente à estrutura e à forma de trabalhar aí no Brasil. Mas há uma grande diferença, hoje temos bem mais meninas praticando o futebol no Brasil. Em 2000, quando eu nem na seleção estava, ainda estava chegando ao Rio parar jogar no Vasco, não tinham tantas opções. Hoje, talvez a gente tenha um pouco mais essa facilidade, mas acredito que ainda falta muito para que a gente possa evoluir cada vez mais. Já tem um Campeonato Brasileiro passando na TV, com meninas talentosas, de nível muito bom. Tem que dar continuidade, para que a gente tenha um futuro brilhante, sem dar um passo atrás. Por mais que seja devagar o passo, que a gente ande para a frente. Aos pouquinhos, está melhorando, só não pode deixar estacionar.
Depois de cada competição da seleção brasileira, sempre há promessas de investimento no futebol feminino. Ainda acredita nelas?
Não só eu, mas todas as meninas já conhecem as histórias. Já estamos cansadas de ouvir, e a gente nem dá tanta bola. Porém, não podemos deixar de enxergar alguma melhora, e essa melhora tem que seguir para a frente, com mais apoio do governo e da Confederação Brasileira, para que as meninas possam se manter em atividade o ano inteiro. Aí, sem dúvida, isso irá ajudar bastante o desempenho da seleção.
Você já passou por situações difíceis também fora do Brasil. O seu time anterior na Suécia, o Tyreso, acaba de sair do Campeonato Sueco antes do fim. O que aconteceu?
Isso foi um projeto desenvolvido de uma forma totalmente errada, eles queriam ganhar tudo, crescer como clube, estar no mapa da Europa, mas sem ter uma estrutura financeira por trás. Tanto que, em janeiro, eu ia voltar para a Suécia, eles me ligaram pedindo informações sobre algumas meninas da seleção. Dei informações, eles contrataram e, já no mês seguinte, quando elas chegaram, já estava com esse problema. Fizeram as coisas sem ter uma garantia por trás, foi uma administração incorreta.
Você também jogou em times que fecharam as portas nos EUA, como o Los Angeles Sol e o Gold Pride. Por que isso acontece até em centros mais desenvolvidos?
É bastante complicado, porque muitos entram no futebol feminino querendo um retorno imediato. Isso não vai acontecer, é difícil. Com relação ao Los Angeles (Sol), a questão não foi financeira, porque o dono do Los Angeles é super rico, tem umas franquias na NBA, um monte de coisa. Ele fechou o clube não foi pela questão financeira, ele tinha dinheiro, a questão é que eles acharam que não tiveram retorno direto e não quiseram manter o projeto. Tem que ser um trabalho a longo prazo. Acredito que a Suécia é uma das potências, em relação à estrutura. É lógico que tem um time ou outro que passa alguma necessidade, mas a Liga se mantém há muitos anos. A Alemanha também tem uma estrutura muito boa, uma liga sólida. São os países que mantém, de uma certa fora, algo mais firme, mais concreto. E a Inglaterra está crescendo também.
A comparação com o futebol masculino é injusta, já que se trata do esporte mais popular do mundo?
Há muitas diferenças entre o futebol feminino e o masculino. É lógico que são as mesmas regras, a mesma bola, e etc. Só que a estrutura que o feminino tem é muito diferente do masculino, a preparação, a forma de trabalhar. Inclusive, por falar em comparação, eu fiquei muito chateada, e todas as meninas ficaram também, com a comparação que fizeram da Sub-20 (feminina) com a seleção brasileira (masculina), que perdeu para a Alemanha no Mundial, depois que as meninas também perderam para a Alemanha no Mundial (5 a 1 no Feminino Sub-20, um mês após o 7 a 1 no masculino). Comparam o futebol, mas esquecem de comparar a estrutura que as meninas têm e o que tem o futebol masculino. É surreal, algo sem comparação, porque têm meninas que nem remuneradas são. É lógico que as meninas da Sub-20 recebem sua sua diariazinha para jogar na seleção, mas fora dali algumas nem têm salário, não têm nem clube para jogar, têm que treinar sozinhas. É até uma falta de respeito querer comparar com o masculino, em que os caras têm tudo. E não estou dizendo que eles não merecem, é lógico que merecem. Para você desempenhar o seu melhor, você tem que ter uma estrutura ao seu redor que proporcione isso, mas a gente também batalha para que possa pelo menos chegar a 20, 30% do que os jogadores masculinos têm, financeiramente e em estrutura de clube.
O 5 a 1 da seleção sub-20 feminina diante da Alemanha pode ser explicado pela diferença de estrutura. E o 7 a 1 no masculino, como explicar?
Natural, não foi, porque eu acredito que vai demorar bastante para que aconteça novamente. Até hoje eu tento procurar explicações para isso e não encontro. Naquele dia, a Alemanha estava muito à frente da nossa seleção. Eu vi o jogo ao vivo e a gente percebia que, a cada gol que o Brasil tomava, a coisa ia piorando, não dava tempo dele se recompor e tentar mudar, pelo menos, o quadro da derrota, perder mas pelo menos de forma diferente. Era um gol atrás do outro, e todo mundo ficou em estado de choque. Querendo ou não, a gente depositava muito das nossas esperanças no Neymar, e quando aconteceu aquela situação com ele parece que todo mundo sentiu, foi um baque, e acabou que o time não conseguiu se encontrar. O Brasil começou a perder ali.

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